As plantas medicinais - Breve histórico:
O Conhecimento
histórico do uso de plantas medicinais nos mostra ao longo da História da
Humanidade que pela própria necessidade humana, as plantas foram os primeiros
recursos terapêuticos utilizados.
A
história da terapêutica começa provavelmente por Mitridates, rei de Ponto,
Século II a. C. sendo ele o primeiro farmacologista experimental. Nessa época,
já eram conhecidos os Opiáceos, a Cila e inúmeras plantas tóxicas. No Papiro de
Ebers, de 1550 a. C. descoberto em meados de século passado em Luxor, no Egito,
foram mencionadas cerca de 700 drogas diferentes, incluindo extratos de
plantas, metais (chumbo e cobre) e veneno de animais (Almeida, 1993 in
Carneiro, S. M. de B, 1997).
Recorrer
às virtudes curativas de alguns vegetais, é uma das primeiras manifestações do
homem, marcando um antigo desejo de compreender e utilizar a natureza como
recurso terapêutico, nas doenças que afligem o corpo e a alma. Se voltasse ao
passado, perceber-se-ia que a prática de utilização das plantas como meios de
cura das doenças não mudaram, mas por falta de informações algumas pessoas não
sabem, nos dias de hoje, usar essas plantas para o seu consumo, desconhecendo
os seus benefícios.
O
primeiro escrito sobre as ervas relatam sua importância nos cerimoniais de
magia e medicina. Há placas de barro babilônicas de 3.000 anos a.C., que ilustravam tratamentos médicos, e
outras mais recentes que registram importações de ervas. Durante os 1000 anos subsequentes,
culturas paralelas na China, Assíria, Egito e Índia, desenvolveram registros
escritos de ervas medicinais onde existem antigos escritos ocidentais que
descrevem uma mistura de utilizações medicinais e mágicas para as plantas, e há
escritos egípcios, de 1550 anos a.C., com receitas médicas e anotações sobre a
utilização aromática e cosmética das ervas.
Registros no Mundo
Oriente
– O país com mais longa e ininterrupta tradição nas ervas é a China. Quando
morreu em 2698 a.C., o lendário imperador Shen Nultg já tinha provado 100
ervas; ele menciona em seu “Cânone das Ervas” 252 plantas, muitas ainda em uso.
Cem anos mais tarde, o Imperador Amarelo, Huang Ti, formalizou a Teoria Médica
no Nei Ching. No século VII, o governo da dinastia Tang imprimiu e distribuiu
pela China uma Revisão do Cânone de Ervas. Em 1578, Li Shizhen completou seu
“Compêndio de Matéria Médica”, onde listou 1800 substâncias medicinais e 11.000
receitas de compostos.
Médio
Oriente – Placas de barro de 3.000 A.C. registram importações de ervas para a
Babilônia (trocas com a China aconteceram por volta de 2.000 A.C.). Farmacopeia
babilônia abrangia 1400 plantas. O primeiro médico egípcio conhecido foi
Imhotep (2980 a 2900 A.C.). Grande curandeiro foi deificado, e utilizava ervas
medicinais em seus preparados mágicos. Os Papiros de Ebers do Egito foram um
dos herbários mais antigos que se têm conhecimento, datando de 1550 a.C., e
ainda está em exibição no Museu de Leipzig (são 125 plantas e 811 receitas). Na
mesma época, médicos indianos desenvolviam avançadas técnicas cirúrgicas e de
diagnóstico, e usavam centenas de ervas nos seus tratamentos. Segundo os hindus
“as ervas eram as filhas prediletas dos deuses”.
Grécia
– No século XIII A.C. um curandeiro chamado Asclépio, grande conhecedor de
ervas, concebeu um sistema de cura, fundando o primeiro SPA de que se tem
conhecimento, com tratamentos baseados em chás.
Os templos de cura apareceram em toda Grécia e Asclépio foi deificado.
Seiscentos anos depois, Tales de Mileto e Pitágoras compilaram essas receitas.
Os gregos adquiriram seus conhecimentos de ervas na Índia, Babilônia, Egito e
até na China.
América
– O primeiro herbário das Américas é o Manuscrito Badanius, o herbário asteca,
do séc. XVI, em Nahuat. No Brasil, em 1995, o consumo de medicamentos caiu a
níveis alarmantes. A pesquisa SOS FARMA, para levantar as causas, descobriu
que, das 400 famílias pesquisadas, 91,9% se automedicavam com ervas e 46,6% as
cultivavam nos quintais. Dados da Assoc. Brasil da Ind. Farm. apontam que as
vendas de medicamentos sintéticos cresceram 16% naquele ano, enquanto o consumo
de fitoterápicos subiu 20%. Tanto assim que a CEME, central de medicamentos,
está financiando pesquisas em universidades. Muitos médicos acreditam que o uso
de fitoterápicos pode reduzir à metade os gastos da população com medicamentos
e com os mesmos resultados dos alopáticos.
Plantas medicinais no Brasil
O
Brasil tem uma das mais ricas biodiversidades do planeta, com
milhares de espécies em sua flora e fauna. Possivelmente, a utilização
das plantas – não só como alimento, mas também como fonte terapêutica começou
desde que os primeiros habitantes chegaram ao Brasil, há cerca de 10 mil anos,
dando origem aos paleoníndios amazônicos, dos quais derivaram as principais
tribos indígenas do país. Pouco, no entanto, se conhece sobre esse período,
além das pinturas rupestres.
Os
colonizadores observavam e anotavam o uso frequente de ervas pelos
Índios : “Os Índios precedem de laboratórios, ademais, sempre tem à mão
sucos verdes e frescos de ervas. Enjeitam os remédios compostos de vários
ingredientes, preferem os mais simples, em qualquer caso de cura, visto que por
este medicamentos os corpos não ficam tão irritados.”
Um
pouco mais tarde, entre 1560 a 1580, o padre José de Anchieta detalhou melhor
as plantas comestíveis e medicinais do Brasil em suas cartas aos Superiores
Geral da Companhia de Jesus. Descreveu em detalhes alimentos como o feijão, o
trigo, a cevada, o milho, o grão-de-bico, a lentilha, o cará, o palmito e a
mandioca, que era o principal alimento dos índios. Anchieta citou também
verduras como a taioba-rosa, a mostarda, a alface, a couve, falou das furtas
nativas como a banana, o marmelo, a uva, o citrus e o melão, e mostrou a
importância que os índios davam às pinhas das araucárias.
Das
plantas medicinais, especificamente, Anchieta falou muito em uma “erva boa”, a
hortelã-pimenta, que era utilizada pelos índios contra indigestões, para
aliviar nevralgias e para o reumatismo e as doenças nervosas. Exaltou também as
qualidades do capim-rei, do ruibarbo do brejo, da ipecacuanha-preta, que servia
como purgativo, do bálsamo-da-copaíba, usado para curar feridas e da
cabriúva-vermelha.
Outro
fato que chamou atenção do missionário foi a utilização dos timbós pelos
índios, especialmente da espécie Erytrina speciosa. O timbó, de acordo com o
dicionário é uma “designação genérica para leguminosas e sapindáceas que
induzem efeitos narcóticos nos peixes, e por isso são usadas para pescar.
Maceradas, são lançadas na água, e logo os peixes começam a boiar, podendo
facilmente ser apanhados com a mão. Deixados na água, os peixes se recuperam,
podendo ser comidos sem inconveniente em outra ocasião”.
Quase
tudo que se sabe da flora brasileira foi descoberto por cientistas
estrangeiros, especialmente os naturalistas, que realizaram grandes expedições
científicas ao Brasil, desde o descobrimento pelos portugueses até o final do
século XIX. Essas grandes expedições tinham o intuito de conhecer e explorar as
riquezas naturais do país, conhecer a geologia e a geografia do Novo Mundo, bem
como determinar longitudes e latitudes para a elaboração dos mapas.
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